12 de junho de 2010

Revitalizando os Personagens

Qual a semelhança entre a Disney e o Wolverine? Ambos são os melhores naquilo que fazem. E qual a diferença? É que, ao contrário do herói nervosinho e que agora é seu funcionário, o que a Disney faz é extremamente agradável. Para quem não entendeu, favor ler umas edições antigas do X-Men para adquirir um pouco de cultura geral, principalmente da fase de Chris Claremont e John Byrne.

Mas, voltando ao tema do post, obtive recentemente uma informação que pode ser um choque para os mais românticos: a Disney é uma empresa. Pois é. A Disney é uma empresa, com ações na bolsa e com o objetivo de remunerar seus investidores. Por causa disso, personagens que não agradam ao público e não vendem camisas nem brinquedos representam um sério problema. E como a Disney é sempre pragmática, uma solução bem comum é simplesmente sacrificar o personagem ao invés de continuar gastando dinheiro com ele. Por exemplos, acho que ninguém nunca viu nos parques os personagens dos filmes Home in the Range (Nem que a Vaca Tussa), Corcunda de Notre Dame, Atlantis, Planeta do Tesouro ou Inspetor Bugiganga, todos grandes fracassos nos cinemas.


Uma outra alternativa, é buscar a revitalização do personagem, passando por um relançamento ou por um reposicionamento. Acho que o relançamento de maior sucesso foi o Winnie the Pooh, antigamente conhecido no Brasil como Ursinho Puff. Com seu jeito meigo e fala fina, sempre achei o Pooh um porre e continuo achando, mas de uns dez anos para cá a Disney resolveu investir pesado no personagem e seus amigos. Em 1999, inaugurou no Magic Kingdom o ride "The Many Adventures of Winnie the Poooh", e seis anos depois, o "Pooh's Playful Spot" (recentemente fechado para a expansão da Fantasyland).

Os personagens ainda participam do Playhouse Disney Live!, no Disney Hollywood Studios. A Disney também lançou o filme do Tigrão em 2000, depois mais dois fimes em 2003 e 2005 (o último filme da turma havia sido lançado em 1983), e há um filme previsto para 2011. E, por último, os personagens tornaram-se tão ubíquos quanto o Mickey e agora podem ser encontrados na Fantasyland e no restaurante Crystal Palace no Magic Kingdom, no CharacterTrail do Animal Kingdom, no Reino Unido (Epcot) e em vários outros lugares. Não é preciso dizer que as mercadorias com os personagens começaram a surgir de tudo que é lado. Como resultado, Pooh e sua turma foram promovidos à primeira divisão dos personagens da Disney e ganharam uma nova leva de fãs - inclusive entre os acionistas.

A outra forma de revitalização seria o reposicionamento. Não sou especialista em marketing, mas eu poderia definir reposicionamento como a mudança da imagem de um produto na mente dos consumidores, expandindo ou alterando o seu mercado potencial. Dessa forma, um dos reposicionamentos mais interessantes que a Disney faz é juntar diferentes personagens em um novo grupo. Um exemplo é o grupo "Disney Princesses", que une as principais princesas, como Cinderella, Branca de Neve e Aurora. Elas agora aparecem juntas em desfiles, sessões de autógrafos e restaurantes (Cinderella`s Royal Table no Magic Kingdom e Akershus Royal Banquet Hall no pavilhão da Noruega, no Epcot).


O grupo que eu mais gosto, sem dúvida, é o "Disney Villains", que une os principais vilões da Disney. O grupo básico é formado por Capitão Gancho (inimigo do Peter Pan), Jafar (Aladin), Úrsula (A Pequena Sereia), Maléfica (A Bela Adormecida), Cruella de Vil (101 Dálmatas), Hades (Hércules) e a Rainha Má (Branca de Neve), mas outros personagens são incluídos ocasionalmente. Os vilões já tem direito a um show próprio nos navios da Disney, loja no Disney Hollywood Studios (Villains in Vogue) e, claro, vários produtos, como a versão "Villains" do Banco Imobiliário, abaixo. Criar um grupo de vilões tem grandes vantagens para a Disney e uma delas é ter a liberdade de passar recados politicamente incorretos. Por exemplo, o vídeo abaixo é de um brinquedinho de US$5 vendido na loja Villains in Vogue, onde Scar fala uma verdade absoluta que o Mickey nunca poderia falar. Para quem não conhece o Scar, esse vilão é um formidável articulador político que assassina o irmão para conquistar o trono e convence o sobrinho (Simba, o "Rei Leão") que a culpa foi dele. Uma espécie de José Dirceu das selvas.



Mas o reposicionamento mais interessante, na minha opinião é do anão Zangado (em inglês, Grumpy), outro baixinho invocado, à semelhança do herói do primeiro parágrafo. Ele foi transformado num ícone do mau-humor e a Disney vende milhares de camisas com frases mal-educadas que representam muito bem o sentimento de toda uma geração. Basta caminhar por um parque da Disney para ver vários quarentões e cinquentões com camisas do anão (e um sorriso irônico no rosto), exibindo frases como "I'm Grumpy! Just deal with it" ou as das fotos abaixo. A minha frase favorita é "I Am Grumpy Because You Are Dopey", algo como "Eu sou zangado porque você é idiota". Dopey é o nome do anão Dunga em inglês.


2 comments:

Parabens Kiko!!
Esse foi sensacional, um dos meus posts preferidos. Ainda hei de implantar um "sorriso irônico no rosto", mais ainda falta um pouco para me tornar um "quarentão". Alias pretendo personalizar a minha camiseta do grumpy: "Hey Dopey,don't drown the goose."

Obrigado pelo comentário, Zeca. Realmente, esse post demorou um pouco para sair pois tive que fazer um bocado de pesquisa. Espero que o nosso querido Zangado seja cada vez mais importante para a Disney e que haja cada vez mais camisetas e acessórios com o briguento anão. E, depois do jogo de hoje, a tradução "Dopey" para Dunga fica cada vez mais verdadeira...

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